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sábado, 27 de julho de 2013

Tango Candango

Faltando 56 segundos para o fim,jogo apertado entre Peñarol de Mar del Plata e Libertad Sunchales pela LNB argentina,placar em 78x76 para o Libertad. Então Sergio Hernández pede tempo com posse adversária e diz para os seus comandados do Peñarol:" Duas boas defesas. Duas boas defesas e nós vencemos esse jogo." Então o Peñarol agrediu o Libertad,roubou a bola ainda fora de seu garrafão e marcou no contra-ataque com Marcos Mata,empatando. Na posse seguinte do Libertad,mais uma roubada do Peñarol,o ala americano David Teague usou o tempo restante,segurou até o estouro do cronômetro e chutou pra três virando o jogo e dando a vitória para o time de Mar del Plata. Fim de jogo fantástico.



Dizem que se mede um bom lider pela capacidade que ele tem de ser frio e ter sabedoria para decidir em momentos adversos onde outros não possuiriam a mesma calma. Talvez a experiência pese muito. Talvez seja a frieza. Na maioria das vezes um conjunto desses fatores.
Para um técnico de basquete,esporte onde o resultado é decidido em detalhes,essas caracteristicas são essenciais para vencedores.
E na América do Sul,poucos são tão capacitados quanto o "Oveja".

Ao fim da ultima temporada,após ganhar quase tudo que se pode ganhar com o Peñarol(4 titulos argentinos,1 liga das américas e um torneio interligas) Hernández se disse desgastado e quis enfrentar novos desafios. Há pouco mais de um mês foi anunciado no Uniceub/Brasilia,tri-campeão do NBB e equipe mais estruturada e entrosada do país.

A primeira questão que surge é que tipo de padrão o novo tecnico pode implantar em uma equipe sabidamente forte mas por algum tempo jogando de improviso e vencendo graças a enorme reserva tecnica que possui. Na ultima temporada não bastou. Luis Carlos Vidal vinha fazendo bom trabalho mas era claro seu desgaste com o time na ultima temporada e talvez com a propria carreira de tecnico,fato esse que culminou com a sua mudança de função,assumindo a direção da equipe.
O primeiro reforço pedido,e atendido,foi o armador uruguaio Martin Osimani. Considerado um dos melhores do basquete argentino por anos ele chega para dividir com Nezinho a função de fazer o time jogar. São caracteristicas totalmente diferentes. Em que pese o fato de Nezinho estar há muitos anos jogando com os mesmos caras da equipe base,ele nunca foi muito de passar e rodar a bola. Quase sempre prefere atacar a cesta ou chutar de três. Esse ultimo principalmente. Fato que pode ser notado nas estatísticas,onde ele raramente competiu com Fulvio,principal passador do NBB,nos ultimos anos.

Mas então pode-se perguntar:" Que porra ele tá fazendo na armação então? Porque não vai jogar na ala??".
Talvez fosse preciso chegar um tecnico de fora pra enxergar melhor esse fato.
Logo de cara,acho que a função do Nezinho com a chegada do Osimani vai ser justamente ajudar na variação tanto ofensiva quanto na defesa de transição,talvez um dos maiores defeitos do Brasilia. Arthur,o Ala,é ótimo chutador de 3 e tem um bom QI de basquete,mas é lento e um defensor apenas razoável. Com o trio formado por Osimani,que é uma aula de defesa,Nezinho e Alex,melhor marcador de perímetro do continente,o Brasilia passa a ter um time mais afeito às caracteristicas de jogo exigidas pelo Oveja. A marcação zona 2-3,muito usada pelo tecnico argentino,fica muito mais dinâmica e variada. Sem falar na velocidade do jogo de transição,outro ponto onde ele foca muito.
Ele pode começar com o Arthur vindo do banco,ou então entrar com o Osimani e trazer o Nezinho do banco para usar essas variações. Tô curioso pra saber como ele procederá,já que os quatro jogam juntos há muitos anos e ele pode perder um pouco do conjunto,ponto forte do time,mesmo com Osimani sendo um baita armador. Os ultimos dois grandes armadores que ele utilizou foram o experiente paraguaio Javier Martinez e Facundo Campazzo,jogadores muito parecidos com Osimani. O que leva a crer que o uruguaio deve ser sua escolha.

Já outro ponto a ser abordado,e talvez vem sendo o calcanhar de aquiles do time nos ultimos anos,é o jogo interno. Se Guilherme Giovannoni é um dos melhores jogadores do país,bom defensor,reboteiro e ótimo chutador,o seu companheiro de garrafão ainda é uma incógnita. Paulão Prestes que veio da Espanha com status de pivô dominante,pouco jogou e se transferiu pra Franca. Talvez chute traseiros por lá. Marcio Cipriano,que é da mesma turma do COC de onde vieram Nezinho,Alex entre outros do time,foi dispensado e deixou o garrafão para o novato mas já meio rodado Ronald e com a indefinição sobre o Alírio. São dois bons jogadores,claro,mas talvez não sejam seguros o suficiente para enfrentar garrafões mais dinâmicos e fortalecidos,como o do Flamengo,Bauru,São José...
Talvez por isso Sergio Hernández tenha pedido,e desta vez sem poder ser atendido,a chegada de algum bom pivô do basquete argentino. Fala-se que ele indicou Juan "Pipa" Gutierrez,pivô da seleção argentina e o melhor da LNB de lá,que deve renovar com o Obras Sanitarias e não virá para o Brasil,e o americano Jerome Meyinsse,que se transferiu para o Flamengo. Qualquer um sabe que a folha de pagamento do Brasilia é a maior do NBB e que deve ter ficado um pouco mais inchada com a chegada de Osimani,supondo que as perdas devem ser repostas. Por isso dificilmente Hernández poderá contar com um pivô 'de peso'.

Claro que a vinda de um tecnico famoso e experiente como Hernández para o Brasil trará beneficios,é uma visão nova de um cara que ganhou tanta coisa em sua antiga equipe e na seleção(medalha de bronze nos jogos de Pequim-2008). Mas trará também uma pequena carga de dirigir uma equipe onde terá que mudar um pouco do sistema de jogo habitual,sem falar na adaptação a uma nova liga e tudo que envolve o basquete por aqui.

Para o bem ou para o que esteja por vir,que o "Oveja" seja bem-vindo.

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